Minha Poesia 2015

2015


"Morte matada"
Morreste 
De morte matada
Das tuas mãos 

Como uma facada
Conheci-te só de te ver
E sempre pressenti
A tua solidão
Podias ter a estrela do céu
Podias ter a nuvem que passa
Podias ter os carros
Que quisesses
Podias ter as mulheres
Que quisesses
Podias ter tudo 
Mas nada quiseste
E não aguentaste
A morte não te vinha visitar
Para te poder aliviar
E tu resolveste
Cortar com a vida
Sozinho não estavas
Tinhas quem te amasse
Os filhos podem ser tudo
O Natal pode ter sido lindo
Mas o carinho 
Com que a solidão
Te afagava
Foi-te insuportável
Quiseste ser meu amigo
E não te entendi
Arrependida estou 
De nunca te ter olhado
Pois talvez pudesse ter visto
Com olhos de ver
Que precisavas de um amigo
E assim sozinho
Resolveste partir
E partiste.

27 Dez 2015                                                                                               Miká Penha

Padrinho, José Augusto Barros

Sentimentos indefinidos
Tristeza no coração
Algum tempo que não o via

Mas sempre presente em mim
Saudades daquele tempo
Em que diariamente convivíamos
Padrinho lhe chamava
Alcunha que muito gostava
Consternação interior
Família linda que fez
Pessoas lindas que não esqueço
Estarás sempre presente
Nas nossas recordações
Padrinho sempre te chamarei
Mesmo nas minhas orações
Quando acendo a velinha
Que ilumina o escuro
Recordo teu olhar
Um olhar azul límpido
De menino malandro
Obrigado por te ter conhecido
Obrigado por teres sido meu amigo
Tu não partiste
Porque estás dentro de nós.


6 Dez 2015                                                                      Miká Penha


CONTO DE NATAL 2015 ....por Miká Penha
Hoje é véspera de Natal, mas algo aconteceu.
Hoje a guerra arrebentou perto de mim, uma enorme explosão, já não fui à escola com meu mano, meus pais segredavam um ao outro, onde apanhei algumas palavras atrás da porta de meu quarto, "Discoteca", “Terroristas”, “Jehadistas”, “Bombas”, “Mortes”.
Meu mano, mais velho, acho que se apercebeu de algo, perguntei-lhe que se passava, ele disse que a nossa mana mais velha, tinha ido à discoteca com o namorado ontem à noite, ainda não tinha voltado, e que era por isso que os papás estavam a chorar.
Eu disse a ele que ela já vinha, e ele limpou as lágrimas e sorriu-me, meus papás chamaram para tomar o pequeno-almoço, mas estavam sempre a olhar um para o outro e para a televisão, vi na Tv muitos polícias e perguntei: - “Os polícias são bons? Não são mamã?”, ela assentiu com a cabeça com um ténue sorriso.
Desconfiei que algo horrível se passava, eles disseram que hoje não havia escola e que podíamos ficar a brincar no quarto secreto, eu disse que não gostava desse quarto, mas a mamã disse para ir buscar a minha boneca preferida e assim fomos para lá, ouvi um grande barulho lá fora antes de entrar para o quarto, ouvia gritos, e tiros como nos filmes, eu não gosto desses filmes, por isso não gostei de ouvir aqueles barulhos e tapei os ouvidos, meu mano me abraçou.
A nossa casa já estava à um mês toda enfeitada de Natal, não percebi quando ouvi meus papás dizer que já não ia haver Natal, fiquei triste, meus pais chamaram para almoçar, sentamo-nos, e perguntei pela mana, tinham os olhos todos vermelhos, e de repente minha mamã explodiu num choro convulsivo, aí é que fiquei muito assustada, e disse-lhe para não chorar que o Pai Natal vinha à meia-noite.
Levantamo-nos da mesa e fui brincar para o quarto, já estava a ficar preocupada, porque vi na TV pessoas a saírem pelas janela duma casa, e outras a correr, vi também algumas pessoas a arrastar outras, ouvi meu pai dizer que estavam muitos mortos na discoteca. Foi aí que eu fiquei mais preocupada, porque a minha mana não vinha, porque eles estavam a olhar tanto para a TV?
A meio da tarde, chegaram meus avós, meus tios e primos, todos eles estavam muito tristes na sala, e estavam sempre ao telefone.
Disse ao meu mano, porque estavam sempre a falar numa discoteca na TV?, porque todos estavam tristes?
Meu mano respondeu-me: - vai rezar ao Jesus para trazer a mana depressa, e fui, encostei-me à minha caminha de mãos postas ao céu a pedir para ela vir depressa.
Estava eu abraçada a minha boneca, com meu mano e a jogar Play Station com os primos, os adultos todos sentados na sala, até meus primos mais velhos, estavam tristes e pensativos, quando de repente ouvimos a campainha e todos riam e gritavam.
Saímos do quarto à pressa, e vi todos a abraçar a minha mana que tinha acabado de chegar, vinha com uma perna engessada e de muletas.
Fiquei a olhar para ela e de repente gritei muito alto, - “FUI EU QUE REZEI PARA VIRES, ASSIM JÁ HÁ NATAL, NÃO É PAPÁS?”, todos sorriram e gritaram virados para mim, “SIM, SIM CLARINHA, HOJE JÁ VAI HAVER NATAL”.
As mulheres foram para a cozinha, umas começaram a cozinhar, a minha avó destapou as caixas que tinha trazido cheias de doces, já sentia o cheirinho aos fritos dela, coscorões, filhoses, passado um bocado veio o cheiro de arroz doce e canela, eu fui ajudar a fazer um desenho de canela no pratinho do avô como fazia sempre, e fiz uma casinha, com fumo a sair pela chaminé e fiz o sol.
Minhas tias foram meter a mesa, outras davam atenção a nós miúdos, minha tia mais nova estava a jogar ao dominó infantil comigo, os homens falavam, liam o jornal, meu avô foi fumar charuto às escondidas da minha avó.
Minha mana parecia ser o centro das atenções de todos, costumava ser eu, pois era a mais pequenina, ainda não percebi bem o que se passou com ela, para ter aquele dói-dói, mas não pergunto mais nada pois agora meus papás estão a sorrir.
E eu agora senti meu coração tão descansadinho, pois ali na nossa casa já ia haver Natal, não percebi é porque disseram que a minha mana era a melhor prenda de Natal, pois eu preferia outra prenda que eu tinha pedido numa cartinha ao menino Jesus, mas ainda tinha esperança, pois era Natal.
20 Nov 2015                                                          Miká Penha

"Não chore mais"

Não chore mais
Coração despedaçado
Das tristezas da vida

Perdeu seu amor
Roubado por um estapor
Que perdeu a vergonha
E o roubou de si
Não chore mais
Que você não merece
Esta tortura sofrida
Santa que é demónio
Nem uma irmã respeita
Não chore mais
Que você é linda por dentro
Seus pensamentos são puros
Que ela os conspurcou
Não chore mais
Porque seu lugar é no céu
Quando um dia lá chegar.
Você comeu o pão
Que o diabo amassou
Pois o diabo estava na sua casa
Mas a vida é ingrata e dura
Você sim é uma Santa
Não chore mais
Pois tem seus filhos que são lindos
Tem a bênção que ela não tem
Como vê, Deus castiga cá na terra
E por isso você é feliz
Esqueça esse demónio
E não chore mais.

4 Nov 2015                                                                                       Miká Penha

Vencer a Cantar

D iogo Ferrreira
I nimaginável
O querer mudar o rumo

G alanteador e simpático
O desejo dum futuro a cantar

F abricante de sonhos
E mpatia pelo canto
R emanescente
R epetindo
E ste seu dom
I nfelizmente
R eprovou desta vez
A força de vencer...

Não desistir será seu triunfo
Pois sua força está lá
Desde que se entretia a cantar 
Com minha filha e sobrinha
Fazendo os três
Seus espetáculos 

(a madrinha Miká Penha que sempre o amou-o)
19 Out 2015                                                                                               Miká Penha

Um dia a não esquecer o lançamento do livro  "A Lagoa de Óbidos, o Mar e Eu" 
3ªAntologia da LLO - Letras da Lagoa de Óbidos
no dia 10 de Outubro de 2015
https://www.facebook.com/media/set/?set=oa.1667795856791362&type=1


Saudades do teu sorriso e do teu carinho ... Saudades de nós... eu e tu....
"Saudades Pai"

A lua esteve cheia
Toda a noite...
Um luar fantástico
Sinal de que me sorrias

A foto tua que caída a um canto
Veio sem querer, sem eu saber
Parar à minha mão
Sinal de que me sorrias

Recordações me assaltaram
No meu sono transtornado
Lembrança dos teus beijos
Sinal de que me sorrias

A estrela cadente
Que brilhou no meu olhar
Aconchegou meu coração
Sinal de que me sorrias

Sorris-me aí de cima
Todos os dias me lembro de ti
Do castigo em que me deixaste
Nos pontos de interrogação
Numa vida passada ao teu lado
Em que agora não tem sentido
Porque te foste Pai
Sem resolveres tudo
O que me prometeste
Para que a melhor solução
Para te desculpares
Do que te levaram a fazer
Sofreste com isso
Agora sofro eu...
Sofrem meus filhos e neto
Pecaste por não seres
Mais forte, mais ditador
Mas deixaste-te convencer
Por seres bom demais
Ou como eu parva demais
Somos parecidos
Somos iguais
Somos enganados.
Sempre te amei Pai.
Um beijinhos neste teu dia
De quem muito te ama.

28-09-2015                                                                                           Miká Penha


"Vindimaste meu coração"

Hoje fui até aos campos
Fazendas e eucaliptais
Por onde andamos tantas vezes...
Passeávamos de mãos dadas
E vindimavas meu coração
Enquanto a vindima fazíamos
Saudades desse tempo
Que já não volta mais
Saudades de ti e de mim
As uvas douradas do sol
Sorriem para mim
Também saudosas de ti
Elas como eu
Querem tuas mãos
Tu as tocavas gentilmente
Acarinhavas seus bagos
E uns por outros
Iam ter à tua boca
Que me tocava logo de seguida
Unindo nossos lábios
Num beijo terno e macio
Misturando nossos fluidos
No néctar delicioso
Assim vindimávamos...
Agora despedaçada
Pego a tesoura na mão
Escondo entre as parras
As lágrimas do meu coração
E espero que na próxima vindima
Já estejas novamente ao meu lado
Ao fim de tantos anos
Espero por ti meu amor
Vem vindimar comigo
Em toda as vindimas
Nos Outonos da nossa vida.
12-09-2015                                                                           Miká Penha


"A tua orquídea carmim"

Guardei na minha recordação
Esta flor do meu coração
Orquídea cor de carmim...
Me coloca em frenesim
Flor que me oferecias
Quando amor fazias
Nos gestos que enfeitavas
Com a orquídea apuravas
Esse encantamento e arte
A flor era um aparte
Percorrias meu corpo
Com um pequeno sopro
Que me fazia arrepiar
Nesse gesto de assoprar
Essa flor perfumada
Por mim era exalada
Com os sentidos na pele
Fazias escorrer o mel
Pela flor de cor purpura
Que me tornara impura
Meu corpo se extasiava
Por ti ele ansiava
Ficando a recordação
E uma recomendação
Da flor da meia noite
De cor de carmim
Das noites sem fim.
12-09-2015                                                                                         Miká Penha


"Sou a saudade de ti"

Sou a saudade de ti
A entrega total de mim
Sou o eu ...
Do meu teu
A vontade
De dizer sim
Sou o desespero
De não te ter
A espera
Do fim
Sou
O amor infinito
Do muito te querer
Teu nome
Incógnito
Que o coração quer
E a razão
O desquerer
Sempre te quis
E quero
Já não existes
Para mim
Mas tenho
Saudades de ti.
04-09-2015                                                                  Miká Penha


"Eu sou..."

Sou a simplicidade no amor
A calma depois do trovão
Sou como a água sem sabor...
Dentro do meu coração

Sou o rufar do tambor
O deitar sem a oração
Sou a manhã no seu alvor
E sempre em superação

Sou a arte de saber envelhecer
Sou o dia depois da orvalhada
Dum simples amanhecer

Sou a mulher que foi talhada
E que sabe reconhecer
Que p'ra sempre encalhada.
04-09-2015                                                                             Miká Penha


"Sou Gay ou Lésbica"

Ser ou não ser eis a questão
Uma pergunta sem resposta
De quem nada tem a ver...
Nem tem de dar opinião
Mas todos querem saber
Se sou ou não sou
Se tenho ou não tenho
Se quero ou não quero
O que interessa às pessoas
O que cada um faz na sua vida?
Uns dizem que eles ou elas
Tem de se "assumir"
Palavras ou títulos
Cada um é o que quer ser
Ninguém tem nada a ver
Ninguém tem nada a saber
Vidas pequeninas e tristes
Que querem saber dos outros
O que tem de ser privado
Adão e Eva assim o fizeram
E foram julgados e castigados
Se tivessem feito em privado
Não teria sido pecado?
Por isso serei Gay só eu sei
Na minha intimidade ficará
Assumam quem quer assumir
Deixem em paz as pessoas
Homens ou mulheres tanto faz
O problema é de cada um
Deixem esse zumzum
Façam algo de útil e solidário
Pois é isso que é necessário.
01-09-2015                                                                           Miká Penha


"Chegaste"

De mansinho e calmamente
Chegaste a este mundo
Escolheste o dia sete agosto...
Para assim receberes teu nome
E sentires as carícias de teus pais
E de quem muito te quer
Com satisfação teu corpo percorreu
Felizmente defeitos tua mãe não encontrou
Era esse seu medo e o nosso
Menino saudável e sabido
Não choras pois sabes que tudo tens
Tua mamã não tira o olhar de cima de ti
E maminha te dá logo a correr
Tens uns pés enormes
Fartamos de rir por causa deles
Pois os sapatinhos mais pequeninos
Nem um dia serviu...
És moreno como o teu papá
Orelhinhas bem feitas como as dele
O resto logo se verá,
Mas és parecido com o tio Tito
A tia Marta está babadíssima
A madrinha Jéssica nem se fala
E a tia Dora e a tia Maria
Querem te conhecer
Têm pena de estar longe agora
Mas um dia em breve as verás
A avó Ilda e a avó Clara
Meu Deus essas nem se fala...
Agora todos os dias te transformas
Que Jesus Cristo olhe por ti e por nós
E que as boas aventuranças te cobram
Como nós te cobrimos de beijos.
30-08-2015                                                                             Miká Penha

"5 para a meia-noite"

A espera enervante
Do tempo que esgotou
No calor do útero...
Tu aprontas a chegada
Vens quando queres
Não quando esperamos
Devias chegar dia um
Mas o aconchego é bom
A união de mãe e filho
Custa a romper
Queres fazer o caminho
Mas achas que tens tempo
Mas o tempo se esgota
Hoje dia 5 é o dia?
Será se tu o quiseres
Como avó aqui fico à espera
Numa espectativa enervante
Do desejo duma hora bem pequena
Tão pequenina e indolor
Pois minha filha me vai dar
Uma felicidade doce
Mas o tempo de espera
Dum tempo que esgotou
Nos deixa esperando
Por ti meu amor
Leonardo.
05-08-2015                                                                   Miká Penha
"Poesia é poesia"

Sonetos tem o nome de sonetos, sextilhas já também tem nome chama-se sextilhas, quadras também tem nome, prosa também tem e POESIA? Porque teimam em comparar poesia com isso tudo....POESIA É POESIA, é sentimento nas palavras, amor e paixão, poesia é o complemento dos nossos cinco sentidos, todos os sentidos juntos vão dar à poesia, a poesia nos enleva a um outro patamar, nos aca...ricia em cada palavra que escrevemos.
A poesia é tudo o que queremos descrever em palavras o que o que trazemos no nosso coração, a poesia são os nossos sentimentos, não interessa quantas silabas tem, nem quantas palavras ou linhas, a poesia é o coração na ponta do aparo da nossa caneta. Sejam livres ao escrever poesia, deixem os nomes técnicos para trás, ou até acordos ortográficos, eu escrevo como aprendi, como sinto, como vejo, como apalpo, como oiço, como degusto, eu anseio pelas palavras na caneta como a tinta no pincel na tela que pinto, ou no livro que escrevo, é o coração que fala mais alto, com equidade e justiça, com raciocínio e compreensão, onde o bom senso que pauto minha vida seja o argumento para me sentir feliz, justificando assim os conceitos dos meus ideais.
Aceito todas as opiniões sobre a poesia, quem sou eu para modificar opiniões e ideias, sou quem sou e nada sou é um conceito abismal, pois sou alguém que está a dar opinião sobre um tema que me incendeia e rejuvenesce.
A poesia é como uma montanha que se sobe por etapas, e nem só os que dizem "saber escrever" ou os "sr.s da razão" me vem ensinar como escrever "minha" poesia, pois como a palavra "minha" indica, sou que que a transformo em algo que fala de mim, por isso me designo de "Poeta Intimista", é de mim que falo, não generalizo, não falo dos temas da atualidade, falo simplesmente sobre meus anseios, tristezas ou felicidades.
Não só os best-sellers são bons livros, não só quem ganha prémios são os melhores escritores ou poetas, não só os doutores ou professores tem a primazia da poesia, raramente leio um livro famoso, mais rapidamente me predisponho a ler um livro que não passou na TV, nem na publicidade enganosa, pois isso de ir à televisão falar do seu livro é mais um engano como muitas editoras famosas, que nem o seu trabalho contratual fazem, levando ao engano muitos autores da raia miúda, pois é com esses que eles ganham, pois vão ao engano de fazer seus primeiros livro de poesia ou escrita e depois pecam por prometerem o que não fazem e lá ficam os autores com um monte de livros no sótão para as próximas gerações.
Cada um tem seu modo de escrever e eu respeito, acima de tudo sei ainda o que é respeito pelo próximo, pelo seu trabalho e por isso sei ler qualquer um escritor ou poeta.
Um calceteiro a trabalhar com pedra, pode ser um grande poeta, um ferreiro, ou agricultor pode ser o meu professor, vejam em cada palavras o sentimento do autor.
Até os que escrevem poesia sensual às vezes são criticados, a sensualidade está também dentro de cada um de nós, se alguém quer escrever sobre esse sentir, porque não o fazer? Mas sensualidade não é sexualidade e alguns poetas pecam por essa razão na sua exposição mediática e controversa, mas até essa poesia eu entendo, apesar de não ser do meu agrado.
Deixem a poesia fluir em cada coração, não critiquem, mas compreendam-na , e isso sim é ser-se inteligente. 

 26-07-2015                                                                                 Miká Penha
"Fim do Tempo"

Tempo de espera
Tempo de esperança
Neste mundo chegarás...
Te daremos segurança
Estabilidade emocional
Revolucionarás nosso mundo
O tempo está a findar
Vais nascer enfim
Serás uma centelha de fogo
Que incendiará nossos corações
Tu serás um rebento da nossa árvore
Um raio de sol no nosso jardim
Contaremos histórias sem fim
Inventaremos novas brincadeiras
Tuas risadas explodirão
Ecoando numa canção de ninar
Pela praia vamos passear
Juntos passo a passo
Crescerás e emadurecerás
Ver-te-emos ser homem
Cuidarás um dia de tua mãe
Que assim descansarei.
E assim minha filha concebeu
O amor da minha vida
Três amores eu terei
Serei a mulher mais rica
E nos meus textos e rubricas
Estarão presentes minhas musas
Que me enchem o coração.
20-07-2015                                                                               Miká Penha
"Esperança desencantada"

Desencanto
Esperança perdida
Energia despendida...
Amor traído
Quem tu eras afinal?
Enfeitiçaste-me
Cobriste-me de beijos
Tocaste-me no meu coração
Andámos de mãos dadas
Piqueniques na lagoa
Longas caminhadas
No meio gargalhadas
Afagos trocados
Desabafos recalcados
Palavras carinhosas
Frases amistosas
Alguns anos perdidos
Também eludidos
Na esperança desencantada
Num desalento penoso
Numa mágoa magoada
De não te ter a meu lado
Num amor imaculado
Mas não ouvimos
A mesma música
E não me compraste o anel rubi
Nem me chegaste a levar ao tivoli
Não fizeste tudo
Para me teres a teu lado
E no final querias comprar
O anel de noivado no Chinês
Também nem tivemos um gato maltez
E assim vou esquecer a nossa canção
Que nem chegou a existir
Dentro do meu coração.
12-07-2015                                                                            Miká Penha
"Lágrima escondida"

Em cada sorriso meu
Existia uma alegria
Em cada lágrima escondida...
Existia um carinho teu
Mas quando tudo se perde
É quando vemos o que tínhamos
E que deixamos fugir
E deixaste-me ir
E não há volta a dar
Pois em cada olhar teu
Via a figura duma mulher
Que não era eu...
Não te contentavas
Com o que na mão tinhas
E como o passarinho
Fechado na mão
Abriste-a e deixaste-me voar
Eu queria que teus sorrisos
Fossem só meus
Teus piropos fossem só para mim
Mas oh como me enganei
Bastou sair à noite
Num local com mais mulheres
Senti que como uma criança
Desviavas teu olhar de mim
E te esquecias da nossa conversa
Ficava calada te vendo
Mirando de alto a baixo
Cada mulher que passava
E te esquecias que estavas comigo
Respeito, amor e carinho
Era tudo o que eu queria um dia de ti
Mas nesse bar de praia eu senti
Que nunca serias só meu
E eu não quereria ser tua
E uma lágrima escorreu pela minha face...
12-07-2015                                                                                                 Miká Penha
"Amor passageiro"

Olha como o amor passa
Neste coração amargo
Que no passado amou...
E por lá se perdeu
Num amor nunca esquecido
Um pouco dolorido
Mas as marcas do passado
Dois amores me deixou
Filhos do meu coração
Deste amor apaziguado
Deste amor idolatrado
Que ele já me esqueceu
Ou também finge não ter dor
Coração amargurado
Num tormento que se arrasta
Que me sinto perdida
Numa busca incessante
Que tento esquecer
E a outro amor corresponder
Mas oh coração traiçoeiro
Por favor sai do passado.
08-07-2015                                                                                   Miká Penha
"Vou fugir de ti"

Fujo de ti
Do que sou
Coração que amou...
De mim abusou
Que se perdeu
Dentro do meu eu

Fujo de ti
Não perdoou
O amor desencantou
Nada o fomentou
Assim se precedeu
E me surpreendeu

Fujo de ti
Do passado que não contou
Das noites que a lua deitou
E que o sol comentou
Fujo do que despendeu
E tudo sucedeu

Vou fugir de ti...
08-07-2015                                                                  Miká Penha
A Lagoa de Óbidos, O Mar e Eu
(Acróstico)

A mei e desejei
...
L agoa dos meus encantos
A mores de Verão
G aivotas voando
O uço o som do mar
A guçando o desejo

D esprotegida
E ncantada

Ó h lagoa dos sentidos
B ateiras pescando
I magino-te
D esejo-te
O iço tua voz
S uplicando

O meu amor

M aresia me envolve
A dor do coração
R evoltada e desamada

E spraiada na areia

E u te revejo num olhar
U nicamente sou tua.

29-06-2015                                                                                              Miká Penha
"Um dia foste..."

Um dia foste
A pessoa que mais amei
Nos meus sonhos revi-me...
Mãe de ti me tornaste
Por ti este amor sem fim
Por ti te amparei
Na minha cama dormias
Histórias dos livros
Lia e relia dia após dia
Noite após noite
Nunca de ti me afastei
Sempre te acarinhei
Por ti meu anjo
Na inocência de seres criança
Me fizeste crescer depressa
Sentia-me tua mamã
Sentia-me tua protetora
Também mulherzinha
Mais depressa fiquei
Oito anos de diferença
Fraldas te mudei
Cabelo te penteei
Muitas lágrimas chorei
Irmã nunca te esqueci
Muito sofri toda a vida
Dores que são facadas
Mas ainda de pé me mantenho
Pelo amor que meus filhos me dão
Ainda me enche o coração
As recordações suaves do passado
Num futuro não imaginado
Em que te tinha sempre a meu lado.
23-06-2015                                                                                                    Miká Penha
"Vamos divagar"

Olhei para o papel,
A folha branca me olhou,
Me disse baixinho,...

Senta-te e pega na caneta
vamos divagar,
Conta-me os teus segredos
Usa-me e abusa

E eu usei
Usei sem medida
Exagerei talvez
E voei nos meus pensamentos
Nos mais recônditos sonhos
Sonhei que me fizeste feliz
Novamente
Que me usaste
Para te satisfazer
Fui ao extremo do prazer
Serenando meus ânimos
Querendo mais e mais
Abusaste de mim
Violaste todas as leis
Do livro do amor
E eu gostei
Oh se gostei...

E eu divaguei.
07-06-2015                                                                                           Miká Penha


"De volta a casa"

Mudei de aldeia
Mudei de casa
Voltei para onde meu coração...
De lá nunca saiu
Aldeia onde a infância passei
Onde as recordações
Ressaltam em cada canto
Onde aquele rapaz
Que sempre me desejou
Comigo não ficou
Sonhos de menina
Amizades perdidas
Outras ganhas
Coração despedaçado
De sonhos traídos
Toda a vida na cidade
Voltar, foi sempre um sonho
Agora já concretizado
Daqui não volto a sair
Quero ainda ser feliz
Sorrir em cada esquina
Recordando momentos
Recordando eu e tu
O quanto fomos felizes
O quanto poderemos
Voltar um dia a ser
Espero por ti
Volta para mim.
06-06-2015                                                                                    Miká Penha


"O amor vem mais tarde"

No dia em que te conheci
Pintavas teu barco
De azul da cor da Lagoa...
Com uma risca amarela
Da cor do Sol
Perguntaste se estava só
Pois só tu estavas
E me disseste pensativo
"O amor vem mais tarde"
Estava de volta da minha arte
Pintando meus pensamentos
Dobrei a folha em origami
Fiz dela um barquinho
Enquanto esperavas
O teu a tinta secar
Já eu flutuava com o meu
O meu era da cor da esperança
Da cor do meu coração
Tu olhavas interessado
No que eu estava a fazer
E devias ter desejado
Um banho na Lagoa tomar
Naquele preciso momento
Em que eu entrei na água azul
Com o vestido todo molhado
Naquele pôr do sol soberbo
Eu sentia que o amor
Estava a chegar
Mas tinha medo de amar
E assim o tempo passou
E o amor mais tarde voltou.
24-05-2015                                                                                           Miká Penha

Solidão virtual

Estou só, mas estou contigo, tu que estás atrás do écran, tu que me alegras e me lisonjeias.
Tu que dizes que somos amigos, quem és tu afinal?
Vives no outro lado do mundo, ou mesmo no meu país, até na minha cidade, mas nunca te vi pessoalmente....
Somos amigos/as? Se somos, então porque me sinto tão só?
Porque sinto este fogo que me queima, quando vejo as paredes vazias e os álbuns de recordações cheios...
Quando quero ir tomar um café à beira da praia e não tenho companhia, quando quero ir ao cume da serra, quando quero fazer uma simples caminhada, Onde estás tu amigo/a?


16-05-2015                                                                            Miká Penha (nostalgia)


"Tela sem som"

Fui pintando a tela
Da cor do céu
Da cor do mar...
Da cor da esperança
Pintalguei o céu
Com nuvens brancas
O sentido da visão senti,
Sujei as mãos, que sem querer
Nos meus lábios tocou
A minha tinta branca
O sentido do paladar senti,
Senti o cheiro a linhaça e da tinta
O sentido do olfato senti,
Senti a textura da tinta
O sentido do tacto senti,
Mas algo me faltou
Naquela tela pintada
Pela imaginação
Continuei a pintar
Me apercebendo
De que algo me faltava
Mas não identifiquei o que era
Os sentidos apurados
Pelas linhas traçadas
Lembrei-me de uma poesia
Uma poesia de amar
E comecei a cantarolar
A dar som à poesia
E assim percebi o que faltava
Nesta tela feita com amor
Faltava a minha poesia
Que nascia dentro de mim
No meu coração ecoava,
Esta canção de amar
Este era o som,
Do quinto sentido perdido
O que faltava dentro de mim
Nesta poesia sem som
Era o som de te amar.

10 Maio 2015                                                                                   Miká Penha


“Flores a Iemanjá”
Vou entrando na água,
Na Lagoa de Óbidos,
Mergulho de relax,...
Que tanto bem me faz,
E em modo clímax,
No meu coração em paz,
Relaxo boiando,
Algo me toca de leve,
Da cabeça aos pés,
Emerji suavemente,
Eram rosas brancas,
Que me envolviam,
Como se eu fosse ímã,
Como se uma deusa eu fosse,
Tantas rosas me rodeando,
Olho em frente no cais,
Mulheres vestidas de branco,
Entrando na água da lagoa,
Ofereciam a Iemanjá,
A sua deusa do mar adorada,
Rosas brancas como a neve,
Com velas ardendo,
Faziam seus festejos,
E eu nos meus anseios,
Pedi a essa deusa,
Que me trouxesse,
Um amor para amar,
E naqueles águas,
Nos banharmos,
Para festejarmos,
Esse amor abençoado,
Por esta deusa do mar.

10 Maio 2015                                                                    Miká Penha


“A antologia da LLO”
Mais um Verão que se avizinha,
Uma antologia que desabrocha,
De todos os poetas sonhadores,...
Que trazem a Lagoa de Óbidos,
Dentro do seu coração,
Sonhando até à exaustão,
Com esta Lagoa que a seus pés,
Sobe e desce as marés,
Energizando diariamente,
Todo o sistema lagunar,
Os pintores pintando as telas,
Os escritores rabiscando o papel,
As crianças saltitando,
A mãe que leva o farnel,
Para este dia passar,
Até ao pôr-do-sol ficar,
Extasiados ficam os namorados,
Sentados no cordão dunar,
Olhando o sol que se vai,
Deixando uma leve penumbra,
Avermelhada e vibrante,
Seu coração ofegante,
Perante tal beleza,
Nos braços do seu amor,
Esta antologia de poesia,
Onde as palavras saltam,
E as letras brincam,
Conhecendo novos amigos,
Nos unindo num só,
No evento no Inatel,
Lendo estas folhas de papel,
Oh! Como estou feliz neste dia.

10 Maio 2015                                                                                       Miká Penha


"A Lagoa, o Mar e Eu"

Trago a Lagoa de Óbidos
Dentro do meu coração,
Trago o rebentar das ondas...
Nas suas areias douradas,
Dentro da minha alma
Ecoa as risadas das crianças,
Num compasso sereno,
Dentro da minha cabeça,
Lembro um amor de verão
Perdido no inverno da vida.
Trago as saudades
Dos tempos passados,
Com meus pais e irmãs,
Explorando a Lagoa,
Saudades desse pai que já partiu,
Saudades dos amores que não vivi,
A Lagoa é nostálgica,
Na sua calma caminhada,
Entrando a água das ondas,
Com a força do mar, na Aberta
Energizando toda a Lagoa,
Oiço o coaxar no seu interior,
Salta o peixe esperando o pescador,
Nas suas bateiras artesanais,
Da faina, eles levam o jantar para casa,
O fruto do seu trabalho diário,
Esta Lagoa de sonho
Em que sonho no meu sonhar,
Um dia voltar a amar,
E nela vir morar.

10 Maio 2015                                                                             Miká Penha

Dia da Mãe 2015

"Telefonema para si, Sr. Presidente"

Toca o telefone ...
No Palácio de Belém
Responde o Secretário Estado
Uma vozinha inocente
"Quero falar com o Presidente"
Passou o telefone a ele
E o menino pergunta
Como está Sr Presidente?
Quero uma pergunta lhe fazer
Porque não tenho de comer
Na minha mesa de jantar
E minha mãe está a chorar
Porque minha mana está na cama
Porque é ela deficiente
Diga-me lá Sr. Presidente
Porque não a podem ajudar
Meu pai foi embora
Nunca mais o vi
Não tinha trabalho
E foi para muito longe
Noutro país trabalhar
Para poder dinheiro ganhar
Oh Sr. Presidente
Não tem vergonha?
De nos estar a roubar
Nossa casa vamos perder
Minha mãe se sente a morrer
De desgosto de não ter
Para nos dar de comer
Como consegue dormir
A noite descansado
Sem se sentir amargurado?

3 Maio 2015                                                                       Miká Penha
(Dia da Mãe...Hoje dei eu jantar a esta família, e você Sr. Presidente quantos roubou???..Miká)


"Dia da Mãe"

Hoje é o meu dia
Mãe que sou e serei
No passado saudoso...
Com meus filhos brincando
Na areia da praia
De bicicleta passeando
Na aldeia amada
Nos passeios que fizemos
Ainda oiço seus sorrisos
Que me acalentam o coração
Mãe/Pai fui e serei
Corrigindo seus erros
Ao seu lado transpondo
Metas cumpridas com saber
E mesmo com muito sofrer
Saudades das meninices
Que meu neto virá me recordar
Quando nascer em breve
Venha com muita saúde
Para aplacar o sofrimento
Das duas mães/avós
Que o esperam
E da mamã dele que desespera
De o ver fora do seu ventre
E o poder abraçar
Em seus braços e regaço
Poder educá-lo pela vida fora
E eu a vê-la e ajudar
Em mais esta meta a atingir.

3 Maio 2015                                                                                Miká Penha


"Desejo de Ti"

Oh como te desejo
Na minha cama pousado
Deitado a meu lado...
Amando até de madrugada
A este amor subjugada
Oh como te desejo
Nos véus deste pudor
De mim usurpador
Aos poucos construindo
Este amor infindo
Oh como te quero
Nos meus braços perdido
No encanto comedido
Tocando nos meus cabelos
Eriçando os pelos
Do meu corpo ardente
Oh como te desejo
Em mim explorando
Delícias encantadas
Deste amor sem fim

2 Maio 2015                                                                                  Miká Penha


"No nosso cantinho"

Procurei-te no fundo do mar
Procurei-te na lua
Procurei-te nas nuvens...
Procurei-te no nosso cantinho
E sim, tu estavas lá
Ao longe reconheci-te logo
Corri para te encontrar
Moreno como Cristo
Estavas a olhar para a Lagoa
O vento soprou meus cabelos
Passei a mão na cara
Para os tirar da frente
Desgosto
Oh que desgosto
Nem no nosso cantinho
Não respeitas nada
Quando voltei a olhar
Estava ela a aproximar-se
Abraçou-te por trás
Viraste-te e beijaste-a
Oh como doeu
Pior que uma bofetada
Sentir que te perdi
Para sempre.

29 Abril 2015                                                                                   Miká Penha


"Voos voados"

Voa o tempo, voa a flor
Voa os sentidos, voa o amor
Voos voados e sonhados...
Em sonhos desarrumados
Toca a flauta e o clarinete
Faz-me sair do gabinete
Tal som colorido esbaforido
No meu coração perdido
Quero a nuvem pegar
Naqueles arbustos amar
Quero a ventura do meu ser
O sonho de te ter
Entre o querer e o não te ver
Deixar de estar no ar
A sonhar na proa da lua
A desejar ser tua
Sucumbindo ao tempo
O tempo que passa
Sem desejo de ficar
Voa o tempo, voa a flor
Voa os sentidos, voa o amor
Sonhados e sempre desejados
Voos de carinhos malfadados
Que me fazem voar no pecado
No fundo do meu ser rebuscado
Busco o que há em mim de ti
Sempre apaixonada e envaidecida
Recordo meu tempo florida
Duma juventude esquecida.

7 Abril 2015                                                                                       Miká Penha


"Crianças guardadas"

Criança que brinca descuidada
Mal guardada pelos adultos
Serão bem guardadas pelos anjos...
São crianças abençoadas
Correm e brincam
Espontaneidade absoluta
Duma infância desmedida
Carinhosas e afáveis
As crianças brincam descuidadas
O anjo da guarda as guarda
Como na primeira oração
Que as crianças aprendem
"Anjo da guarda
Minha companhia
Guardai a minha alma
De noite e de dia"
Assim te peço Anjo da Guarda
Protege as crianças todas
As que vão á praia
E que os adultos as descuidam
As que vão de carro
E que os adultos as acidentam
As que sem abrigo
Fazem suas casas sobre a lama
Em tábuas rasas fazem a cama
Vivem ao relento sem um abrigo
Protege também meu neto
Que ainda vem a caminho
Que venha com muita saúde
A ti Anjo da Guarda bendigo
Protege os pequeninos.


1 Abril 2015                                                                           Miká Penha


"Na Lagoa de Óbidos"

Olhei-me na Lagoa
Esperando meu amor
Mas o sofrimento era tanto...
Que as lágrimas rolavam
Pela face que o luar espelhava
As ondas batiam nos pés
Geladas como teu coração
Oh como me enganei
Queria tanto voltar atrás
E não te ter conhecido
Mas a ternura dos momentos
Que saudades desse sentimento
Minhas mãos na areia molhada
Faziam meus dedos tocar
Com se de um piano tratasse
E a letra da nossa canção
Aflorava nos meus lábios
Na escuridão da lagoa
Que só o luar aclarava
Oh que saudades de um amor
Que me faça sentir viva
Que me faça sorrir
Que me limpe as lágrimas
Com os beijos doces
Que saudades
De me sentar ao luar
Com a cabeça a descansar
Num ombro de um amor
Ouvindo suas palavras doces
Vem me amar
Espero por ti.

27 Março 2015                                                                           Miká Penha


"Abismo"

Saltei no abismo
Queria me esquecer de mim
Queria parar de sofrer...
Um arbusto me prendeu
E não caí
Tentei me soltar
Mas algo me agarrava
Então compreendi
Ainda quero viver
Quero te conhecer
Quero te encontrar
Parar de padecer
É pecado querer
Tirar nossa vida
Isso não é nosso dever
Mas sim lutar
A doença faz querer morrer
O sofrimento aliviar
Mas temos de vencer
E não nos matar
Aqui estou a testemunhar
Que me arrependi a tempo
Pois quero muito viver
E um dia te conhecer.

16 Março 2015                                                                           Miká Penha

"Dia do Pai"
Hoje é o dia do Pai
Primeiro dia do Pai sem ti
Visitei-te mas não me viste
Pela primeira vez chorei
Mas não me limpaste as lágrimas
Estava um por do sol lindo
Achei que o sol me sorriu
Me acariciou com seu calor
Meu coração se exaltou
Não devia ir ao cemitério sozinha
Visitei também tuas irmãs e irmão
Visitas tristes e penosas
Tirei todas as flores secas e velhas
Que ainda estavam depositadas
Na campa molhada...
No fim olhei as flores novas e frescas
Azuis da cor dos teus olhos
Sofro pela falta que me fazes
O elo mais forte da família desapareceu
Tudo se desmoronou
Tenho nova família, filhos e breve um neto
Com uma nora e genro também
A família vai crescendo
Mas tu onde foste?
Porque partiste?
Não mais voltarás
Eu sabia que quando isto acontecesse
Eu iria sofrer demais,
Obrigado Pai por todos os teus sorrisos
Todas as lembranças que me deixaste
São recordações maravilhosas
Nunca chorei uma lágrima por tua causa
Não estava preparada ainda...
Amo-te PAI.

19 Março 2015 Dia do Pai                                               Miká Penha
"Ponto Final"
Um dia me apercebi
Que metia vírgulas
Em nossa relação...
Depois ao continuar
Apercebi-me que
Metia reticências
Um dia de cabeça cheia
E coração confuso
De tudo o que eramos
E deixamos de ser
Resolvi meter
Um grande ponto final
Já não eras o mesmo
Talvez quisesses mudar
Mudar para novos amores
Três anos para ti
Já era demais
Precisas de mudanças
Cansaste depressa
Não és fiel
Nunca o foste
Nem nunca o serás
Mas tive tantas esperanças
De que finalmente mudaste
Mas engano o meu
Quero um amor fiel
Duradouro e só meu
Quero alguém sensível como eu.
E resolvi virar finalmente
A página desse livro.
Que me ficou caro demais.
Amar-te-ei até morrer.
15 Mar 2015                                                                                       Miká Penha
"Dia da Poesia"
É o meu dia e o teu
O nosso dia de poesia
Alma de poetas encarnamos...
Sensibilidades
Fragilidades
Sentimentos
Emoções
Em papel rabiscamos
Tudo o que sentimos
As folhas do nosso livro
Vão se acumulando
Fazendo crescer
Nosso orgulho
Nosso segredo
Um livro é um tesouro
A poesia é a chave
Que nos abre um mundo
Trepamos pela vida
Experiências do passado
Vão nos acompanhando
Num futuro luminoso
Vamos escrevendo
Essas vivências
Vamos poetando
A nossa vida
Como a lua
Ilumina a noite
E o astro rei
Ilumina o dia
Vamos poetando
Nossa vida...
14 Mar 2015                                                                           Miká Penha
"Tela sem som"
Fui pintando a tela
Da cor do céu
Da cor do mar...
Da cor da esperança
Pintalguei o céu
Com nuvens brancas
O sentido da visão senti
Sujei as mãos
Que sem querer
Nos meus lábios tocou
A minha tinta branca
O sentido do paladar senti
Senti o cheiro a linhaça
E da tinta a óleo
O sentido do olfato senti
Senti a textura da tinta
O sentido do tacto senti
Mas algo me faltou
Naquela tela pintada
Pela imaginação
Continuei a pintar
Tentando chegar
Ao que sentia que me faltava
Mas não sabia o que era
Os sentidos apurados
Pelas linhas traçadas
Lembrei-me de uma poesia
Uma poesia de amar
E comecei a cantarolar
A dar som à poesia
E assim percebi o que faltava
Nesta tela feita com amor
Pois faltava a poesia
Que nascia dentro de mim
No meu coração ecoava
Esta canção de amar
Este era o som
Do quinto sentido perdido
O que faltava dentro de mim
Nesta poesia sem som
Era o som de te amar.
11 Mar 2015                                                               Miká Penha
"Som da Poesia"
No som das ondas
Neste mar imenso
Cor de azul profundo...
Escuto as gaivotas
Piando num frenesim
Em volta da caravela
Estirada no convés
Borrifada pelos salpicos
Das ondas zangadas
Sinto o frio me gelar
Este som aflitivo
Exaltando meus sentidos
Visuais e audíveis
Sensações alienáveis
Domina-me a emoção
Um aperto no coração
Esta caravela
Me desespera
Travo uma sequela
Este tempo de espera
Amores que não existem
Ou não correspondidos
Dores que nos afligem
E tudo nos atinge
A serenidade se esvai
Água que vem e que vai
Explosão de espuma branca
Nas ondas deste mar bravo
Do homem fez escravo
Na pesca vem a labuta
O som destas dores
Onde os lamentos e ais
Das mães que filhos perderam
Nas profundezas morreram
Caravela ou barca bela
Rangem as madeiras
Que a construíram
O som corta-me a alma
Deste corpo cansado e gasto
Rebenta a trovoada
Tempestade dentro de mim
Som estridente e repentino
Me acordou do convés
Neste embalo enfeitiçado
Acordo ao som
De uma voz aflita
Minha filha me chamando
Para eu despertar
Neste sonho desmaiado
Com medo que este aneurisma
Me tire a vida finalmente
Mas ainda desta não morri
E ela ansiosamente
Me diz ao ouvido
Mãe te amo muito
Que melhor som posso ouvir?
Deu-me a mão e levantei-me
Coragem para um novo dia
Pois o som da sua vozinha
Me aqueceu o coração.
11 Mar 2015                                                                Miká Penha

"Rescaldo do evento"
Lançamento, grande evento
Livro Solidário, do grupo
Letras da Lagoa de Óbidos...
Um grupo de poesia
De amigos virtuais
Que rapidamente nestes eventos
Se tornam amigos especiais
Amigos para a vida real
Que entram no nosso coração
Nos encontros desejados
Para abraços trocados
Beijinhos acarinhados
Esperanças renovadas
Destas amizades serenas
De poetas sentimentais
Com a alma poética
Plena de dores e desalentos
De lágrimas choradas ao vento
Plena de gritos trovejantes
E sorrisos simpatizantes
Plena de amores e carinhos
Desejos dos anjinhos
Que encontrem a serenidade
Que nos juntemos todos
Explorando as palavras
Renovando desejos
Articulando a poesia
Que no grupo vamos postando
Ostentando nossos sentimentos
Vamos nos tentar reunir
Vamos nos abraçar e beijar
Até o Sol de pôr
E o dia acabar...
11 Mar 2015                                                                 Miká Penha

Um dia a não esquecer o lançamento do Livro Solidário -
2ª Antologia de Letras da Lagoa de Óbidos
no dia 07 de Março de 2015
“Os Saltos”
Partiu…
Meu Deus mantém-no ao teu lado, pois ele é um ser de luz, radioso.
Com ele acabou-se um ciclo de aventuras, meu pai morreu à uma semana apenas, como sinto esta dor intolerável, começam as saudades e as recordações.
Recordo à 50 anos os “Saltos para França” meu pai foi um dos causadores desta onda enorme, uma avalanche de saltos, principalmente na sua aldeia e arredores.
Meu pai nasceu numa aldeia da zona oeste de Portugal onde eu nasci também, a flor do oeste, Cadaval, casou, e fez tropa em Lisboa, por causa de eu ter nascido, a primeira filha de quatro e ter Epilepsia, livrou-se da guerra da Índia.
Cedo reparou que tinha de mudar a vida radicalmente, e a seguir á tropa arranjou trabalho no Lumiar e alugou uma casa na zona, levou-nos para Lisboa nos instalando, eu, minha mãe e minha segunda irmã, tinha eu quatro anos.
Trabalhava num grande restaurante de luxo onde só iam os VIPs, restaurante Castanheira de Moura, ladeado por uma grande quinta com estrebarias, muitos cavalos, terrenos amanhados e um grande jardim com cinema ao ar livre, na altura uma grande inovação, foi lá que vi os primeiros filmes de cinema.
Todos os dias depois do almoço minha mãe ia para lá para as meninas correrem e brincarem ao ar-livre e assim fomos crescendo com muito amor.
Neste restaurante onde meu pai era o despenseiro, ele atendia os fornecedores e fazia as compras de tudo.
Havia muita fome na aldeia e ele na sua folga vinha de visita aos pais e sogros e trazia para seus irmãos e vizinhos tudo o que podia, pois o restaurante fazia casamentos e tinha muitas sobras, ainda hoje me dizem que ele matava a fome a muita gente.
No Castanheira com muito clientes do governo fascista, frequentado por Salazar, Marcelo Caetano, eles me pegaram muitas vezes ao colo, pois gostavam muito de meu pai, que era um funcionário exemplar e educado.
Meu pai Herculano Penha, cedo começou a aperceber-se de como poderia ajudar mais ainda seus familiares e vizinhos, e resolveu a muitos que desejavam emigrar ajudá-los.
Em vez de seguir os tramites dos documentos e passaportes no interior das organizações e levarem anos e alguns até serem apertados pela Pide e não conseguirem as assinaturas desejadas, resolveu pedir simpaticamente aos governantes principais que assinassem os passaportes que trazia com eles, assim sendo o Salazar e Marcelo Caetano, faziam esse agrado ao amigo funcionário do restaurante.
A vida da aldeia era uma desgraça, como meu pai dizia uma sardinha para sete, na casa dele não era bem assim, porque meus avós faziam horta de cultivavam o que podiam tinham 7 filhos, e na casa dos meus avós maternos eram 9 filhos, na casa dos vizinhos eram muitos filhos para tão pouco comer, a miséria era muita, todos queriam emigrar, fugir da desgraça de vida que o fascismo estava a proporcionar, melhoras não parecia haver, não havia esperança, a única esperança era emigrar.
Meu pai começou a trazer uma réstia de esperança em cada passaporte assinado.
Só faltava arranjar dinheiro para eles poderem partir à aventura.
Então meu pai trazia-os para Lisboa, e as meninas já com 18 anos serviam na minha casa, ajudavam minha mãe com as 4 filhas, tomavam conta da roupa, outras do comer, e assim acabam por amealhar o dinheiro ao fim do mês que meus pais lhe pagavam, visto que não tinham despesas, dormiam em nossa casa e eram felizes, por saírem da aldeia.
Quando tinham aquela quantidade necessária para a aventura de salto a outro país, lá seguiam seu caminho.
A primeira a emigrar foi uma tia minha, cunhada dele, assim ela os ajudava lá em França e ele cá em Portugal.
Meu pai tinha ajuda para destinar o caminho e encaminhava-os para os “Guias”ou “Passadores”, eles eram homens que os ajudavam a transpor os caminhos mais vigiados, alterando o percurso para não passarem nas fronteiras muito bem vigiadas.
Esta abalada clandestina custava uma média de 10 a 12 mil escudos, eles estavam preparados para o pior as adversidades que o caminho lhe proporcionassem, até às vezes pagarem mais por terem sido enganados por algum guia, havia sempre quem se aproveitasse, mas a decisão de abalar era forte demais e decisiva.
Na calada da noite eles preparavam-se sem ninguém saber uma pouca roupa na mala, alguma coisa de comerem, e saiam de casa escondidos, pois até algum vizinho menos amigo ou invejoso poderiam fazer queixa e denunciá-los, eram um crime esta partido para o estrangeiro.
Quando de manhã seus filhos perguntavam à mãe pelo seu pai, elas arranjavam uma desculpa por aqueles dias, e só mais tarde se atreviam a contar a verdade, pois nem notavam a despedida emocionada do progenitor que partia no silêncio da noite e que entre lágrimas e soluços silenciosos se despediam dos filhos que dormiam na sua humilde casinha.
Chegados a território espanhol, eram escondidos nos montes e estábulos, e eram depois metidos em camionetas do transporte de gado misturados na palha. Escondidos assim os guias chamam-lhes de “Borregos”ou “Carneiros” assim eram rotulados e assim a palavra passe para passar as camionetas de mão em mão pelos homens encarregados desse transporte era que “a camioneta está carregada de borregos”.
Chegados perto da fronteira de França eram descarregados e os passadores entregavam-nos a outros passadores franceses, que os mantinham escondidos nos montes, ao frio e agruras do tempo.
A parte deste trajeto, era a passagem pelos Pirinéus, quase sempre entre a neve e gelo a que não estavam habituados e iam mal vestidos para este percurso, passavam muito frio, muitos pensavam que nem iam aguentar, não tive conhecimento de nenhuma morte, o corpo humano aguenta mais do que pensamos aguentar. Aqui na parte dos Pirinéus nem todos os trajetos passavam por lá era conforme os passadores e guias, outros há que seguiam sempre como “borregos”.
Ao chegar a França ficavam entregues a passadores franceses que os guardavam escondidos até terem um salvo-conduto muito desejado pelos nossos, e assim como já tinham lá trabalho a aguardá-los, arranjados por outros familiares que já tinham emigrado, gastavam aí mais uns milhares nesta transacção até ao trabalho esperado.
No fim de mais alguns anos alguns tentavam sua sorte indo de comboio e aconselhados por familiares que já conheciam os estratagemas conseguiam fazer o salto assim. Este comboio os meus tios chamavam-lhe o “Sud-Express“, eles saiam de táxi longe da aldeia onde moravam e estes taxistas levavam-nos perto da fronteira de Espanha onde compravam o bilhete para Hendaia. Aí em Espanha quando apanhavam o comboio já não era perigoso serem apanhados pela Pide que tinham revisores e fiscais a verificarem sempre se apanhavam estes infratores.
No fim de saírem do comboio ainda tinham de passar pela sala alfandegária, muito por meio dos passageiros conseguiam passar outros eram presos por não terem papeis, mas felizmente, os que o meu pai ajudou, tinham o passaporte assinado não tiveram esses problemas e os familiares já familiarizados com a língua francesa ajudavam a virem buscá-los à estação.
Os que eram presos eram reportados e quando chegavam às suas aldeias tristes cansados, com o dinheiro gasto, a desilusão era muita. Mas passado um tempo de terem juntado mais dinheiro, ou os familiares que já estavam em França lhes emprestarem, tentavam novamente. Eles sabiam que era a sua única solução para a família, a maioria com filhos pequenos e a precisarem de ajuda. 
Esses emigrantes hoje em dia dão Graças a Deus o terem tentado e conseguido ir nesta avalanche, nesta aventura desmedida, pois só assim conseguiram fazer suas desejadas casinhas nas aldeias e terem uma vida muito boa para seus filhos, estes aventureiros são como os primeiros colonos da emigração tão desejada e que hoje em dia enfrentamos de outra maneira mais civilizada.
Mais tarde começou o lucro, as contas da mercearia e dívidas de família na aldeia começavam a ser pagas por estes emigrantes e começaram a aparecer de carro no Verão nas aldeias, assim tudo se começou a transformar, as antigas tabernas deram lugares a cafés já com televisão, no Verão toda a aldeia festejava os seus entes queridos que voltavam de férias e quando iam levavam mais um ou dois familiares no carro que assim davam continuidade a esta “onda de emigração”.
Foi a transformação das aldeias pintalgadas pelas novas casas grandes construídas pelos pedreiros que restavam na terra, assim estes cresciam também. A construção deu um grande pulo, apesar da população residente estar a diminuir. 
O despovoamento é por demais evidente em todas as aldeias de Portugal de Norte a Sul, no fim do Verão e acabadas as férias dos emigrantes, tudo volta à monotonia saudosa e melancólica, restando somente os idosos que estão à mercê dos novos Lares de Idosos que cobrem as povoações de “Serviços Continuados ao Idoso”, pagos na maioria pelos filhos no estrangeiro e em que a maioria dos idosos nem querem ir para o estrangeiro. Estes Lares apesar de caros vem cobrir a falta dos filhos e tornar o fim de vida mais suave. Aparecem as primeiras reformas e subsídios sociais.
Muitos dos nossos emigrantes saltavam para França e outros países para fugirem da chamada “Guerra Colonial”, pois era menos arriscado o trabalho e desventuras no estrangeiro do que morrerem à “catanhada” por uma catana em África.
Tive uma tia que foi missionária em Moçambique e apaixonou-se por um Padre e tiveram de fugir para França, pois ele foi desertor na obrigação de fazer tropa em África e como um padre apaixonado nunca mais pode voltar a Portugal, estes foram os meus primeiros emigrantes na minha família, eles ajudaram a levar para lá a maioria dos meus tios e primos só no 25 de Abril, esse meu tio e tia puderam então regressar a Portugal sem ser preso pela Pide. 
Hoje em dia a crise que o país enfrenta veio nos trazer novos emigrantes, para França, Canadá, Suiça, Alemanha e para todo o mundo até Dubai, os nossos jovens estão novamente na “Onda da emigração” já não vão a “Salto” mas mesmo assim muitos transpõem muitas desventuras.
Os residentes cá habituaram-se a comprar casas, carros e tudo o mais com empréstimos para tudo e mais alguma coisa, pois tinham ordenados, mas a crise em Portugal bateu à porta de todo o povo, e deu lugar ao desemprego em massas, fábricas e empresas a fecharem, em vez de emigrarem e irem à procura de trabalho, e assim fizeram, passamos a ter a nova onda de emigração a tentarem não perder o que tinham e trabalharem para um novo futuro.
Eu não parti, meus pais sempre cá estiveram, mas fui várias vezes a Paris ver minha família e aos meus 20 anos resolvi ficar uns tempos por lá com minha tia, trabalhei, mas logo nas primeiras férias quando cá vim, fiquei cá, pois recebi a resposta a uma carta de recomendação e fiquei a trabalhar na ARSLVT , serviços de saúde.
Espero que meus filhos não tenham de emigrar um dia, pois seria o meu maior desgosto, desgosto esse já partilhado com tantos pais deste país, que se sentem sós e tristes.
Penso hoje em dia que estas pessoas que sofreram na pele tantas adversidades, que essas teriam bons livros para escrever, suas aventuras, seu sofrimento, e no fim as alegrias de uma vida árdua.
Ei-los que partiram para um dia nunca voltarem, pois agora tem filhos, netos e bisnetos já completamente integrados no país de acolhimento.
Assim recordei com saudades as histórias de meu pai, falecido à uma semana, sempre esteve perto de mim, mas também ele PARTIU PARA NÃO MAIS VOLTAR.
“Os Saltos” - 4º concurso Literário Papel D`Arroz Editora -          Miká Penha
"Menina Mulher"
Lembraste minha filha
De quando pequenina eras
Os sonhos que sonhavas...
As risadas que davas
E que ainda dás
Porque és feliz
Menina mulher
Coração de açucar
Fantasia no teu olhar
Mimada só eu sei
Concretizada a infância
Deste voltas e mais voltas
Saltaste do carrocel
Enquanto ele ainda rodava
Tal jovem desenfreada
Me encantaste enquanto crescias
Me tornaste a rainha
Da mais bela princesa
Deste reino encantado
Duas sonhadoras somos
Infantilidade no nosso coração
Agora irás passar para teu bebé
Todo esse encanto sereno
Da infância feliz que tiveste
Concretizaste meu sonho
Vou ser avó
Parabéns filha
Vais ser mamã
Amo-te.
28 Fev 2015                                                              Miká Penha
"Nó na garganta"
Falta de coragem
Convite não apareceu
Nervoso estavas...
A vida tem altos e baixos
Os nervos nos abalam
Expetativas altas
Cansaço nos olhos
Mãos estavam tremendo
É dor estampada no rosto
Os filhos nos enervam
Nos calam numa só voz
A noite nos estragam
Mas apareceste
Jantamos
A amizade não deve
Transpor os limites
Assim sendo não convidaste
Nem um beijo me pediste
Com um nó na garganta
Tentaste sempre sorrir
O serão foi ameno
Simpático até
Obrigado amigo
Por respeitares
Nossa amizade.
28 Fev 2015                                                                     Miká Penha
"Cúpido azarado"
Mais uma vez este ano
O Cúpido não acertou
Ou então nem tentou...
É um tonto este anjinho
Mesmo que o trate com carinho
Ele nem um amor me arranjou
Vai acertando em corações
Oferecendo tantas emoções
Mas uma alma para amar
Ele nem tenta encontrar
Meu Cúpido azarado
Mesmo mascarado
Gosto de ti afinal
Não me leves a mal
Tentas novamente p´ro ano
Vai praticando a pontaria
Prepara a flecha encarnada
Não me deixes transtornada
Traz-me um amor de Inverno
Não me faças a vida num Inferno.
14 Fev 2015                                                                                 Miká Penha
"Estraguei a telefonia"
Radio ou telefonia
Já dizia a minha tia
Não a escangalhes...
Achei eu que podia
A rádio de meu avô arranjar
Afinal acabei por a avariar
Mas a intenção era boa
Pois a idade não perdoa
Ainda era petiz
Não havia eu de tentar
Meu avô agradar
Era eu tão feliz
Hoje é o dia da rádio
E já raros as usam
Há as rádios virtuais
Mais fáceis de chegar
Como a "Rádio Além Fronteiras"
A todos os países podem apanhar
Com o Antonio Silva a locutar
Vamos todos sintonizar
Os nossos computadores
E hoje dia da rádio
Ouvir canções de amores.
13 Fev 2015                                                      Miká Penha

"Ser Pai"
Ser pai é isso mesmo
É tudo o que foste
Cada dia...
Cada hora
Cada minuto
Cada segundo
Do que tu foste
Cada momento
Foi especial ao teu lado
Ensinaste-me a ser o que sou
Ensinaste-me a ser forte
Mas não me preparaste
Para o desgosto de te perder
Não tive tempo
Não queria me despedir
Queria só te ir visitar
E não esperaste por mim
Quando te vi deitado...sofri
Queria te ver com teu primeiro bisneto
E faltava poucos meses para isso
Será um rapaz? Será rapariga?
Por ti seria tão acarinhado
Porque partiste?
Eras o pilar da família
Eras a minha razão de sorrir
Partiste sem aviso prévio
Isso nunca deveria ter acontecido
Recordarei sempre com ternura
Todos os teus passos
Quando nos davas banho
E nos secavas o cabelo
Quando jogávamos à garrafa
No corredor de casa
Enquanto esperávamos pelo jantar
Nos entretias com tuas macacadas
Acalentavas teus netos
Oh como meus filhos te amam
Sempre ao lado deles estiveste
Eras a figura perfeita de pai
A imagem que todos os filhos
Devem ter na sua vida
Obrigado por tudo Pai
Obrigado por teres sido meu Pai
Amo-te até à eternidade
Me despeço
Tua filha Clarinha
01 Fev 2015                                                                 Miká Penha
"Esquecida..."
No inicio do livro
Singela e airosa
Perdida na sua sala...
No quarto ou jardim
Sentada numa poltrona
Lendo o livro da sua vida
Leitura de drama
Família a renegou
Amigos conquistou
Amadureceu
No meio do livro
Harmonia na brancura
Da luz do quarto
Resplandecente
Conciliando sua paz
Apaziguando
Suas amarguras
Resignada
Abonançada
O livro esfolheia
As palavras saltam
Fazem-na sonhar
Esquecido os tormentos
Aplacando seu coração
Nas alegrias dos filhos
No futuro sereno
Na bemaventurança
Do seu lar
Amou e foi amada
Esquecida?
Nunca o será
O amor dos filhos
Enchem-na de paz
Os netos a completarão
Está feita a sua nova família
O livro da sua vida
Um dia se fechará
Mas sentiu-se
Uma mulher completa
É feliz.
07 Fev 2015                                                   Miká Penha
"Insanos"
Gente pequenina,
Sem capacidade,
Tentam-na atingir...
Mas não conseguem
Levam aos extremos
A sua insanidade...
Mediocridade
Inveja
Hipocrisia
Insanos
A carnificina começa
Tenta-se matar
Quem está a mais
Para poderem
Atingir seus fins
Implacáveis os insanos
Atormentam a presa
Gritam até a atordoarem
"Vai-te matar longe,
Desaparece para sempre"
Completa insanidade
Desvario total
Ela superior a tudo
Cabeça erguida
Segue seu caminho...
Gentinha hipócrita
A sua superioridade
É absoluta,
Superou-se
Ela é fantástica.
06 Fev 2015                                                                Miká Penha

“Agarrei a Lua”
Olha como é bela
A lua resplandecente
Olha como a quero...
Só para mim
Debaixo dela disse “sim”
Amei na areia da lagoa
E ela veio espreitar
Apanhei-a quando se estendia
No lençol de água
Formando um espelho impar
Agarrei a lua
Fiquei com ela
Não a vou largar para ti
Fica só para mim
A Lagoa de Óbidos
Vai ficar sem ela
Pois a lua que é tão bela
Duma beleza sem fim...
Acho que já escrevi
Um poema assim!!!
27 Jan 2015                                                 Miká Penha
"Carência afetiva"
Sinto tuas mãos em mim,
Meu corpo estremece,
Dos beijos desejados,...
Sinto-me acordar…
Afinal estou na cama sozinha,
Abandonada no frio da noite,
Desejando o calor humano,
Na companhia de um amado
Oh como queria esta solidão,
Longe da minha vida,
Assusta-me esta agonia,
Que me preenche,
Totalmente…
Quero e desejo,
Mas nada faço,
Para ser amada,
Preciso sair deste casulo,
Preciso gritar ao vento,
Preciso aquecer ao sol,
Preciso de ti…
Não sei quem és,
Nem sei quem serás,
Um dia nos encontraremos,
Nos conheceremos,
Contigo dormirei,
E um dia tua serei.
11 Jan 2015                                                           Miká Penha
"Sou Tua"

Num dia
Num mês qualquer
Num ano distante
Num passado longínquo
Foste meu...
Fui tua
Sou tua
Num dia
Num mês qualquer
Num ano distante
Num futuro longínquo
Seremos um do outro
Tua pele roçando minha pele
Nossos cheiros se misturando
Numa essência divina
Nossos corpos estendidos
Nos negros lençóis de cetim
Explorando nossos sentidos
Finalmente serei tua…
E assim se encontrarão
Dois corações perdidos
Na solidão do amor
Se reencontrando
Nas delícias do finalmente…
07 Jan 2015                                                                     Miká Penha


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